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FINAL DE SEMANA

De MT, cortesã e feminista Claudia de Marchi lança livro Crônicas da Minha Vida

22 de Julho de 2017 ás 13h 32min, por RD News

Cortesã há pouco mais de um ano, a advogada Claudia de Marchi decidiu ser este o tempo adequado a dar vazão a outro de seus muitos desejos, especialmente o relacionado às aspirações artísticas, intelectuais.

Foi o terreno onde nasceu Contra a Maré, Minha Vida em Crônicas e Crônicas da Vida, uma seleção dos melhores escritos compostos por ela entre 2003 e 2016 e que acabou de ser lançada. Veja onde comprar o livro.

A primeira vez que ela se arriscou pela estrada das palavras aconteceu um ano após ter começado a faculdade de Direito, ainda em Passo Fundo (RS), onde nasceu e viveu a maior parte da vida. Até se formar, em 2006, aos 22 anos, ela já mantinha seus textos – crônicas e narrativas curtas – no hoje falecido e quase esquecido Orkut.

Um ano depois, nasceu o blog da agora advogada Claudia de Marchi. Desde sempre, conseguiu a atenção de leitores e fãs de várias partes do Brasil. “Escrever profissionalmente sempre foi um sonho, mas comecei as primeiras poesias e crônicas só por volta dos 18 anos. Os textos melhores começaram a aparecer a partir dos 23”, conta De Marchi por telefone ao .

Para a escritora, o critério para considerar esses textos como melhores é o fato deles serem menos introspectivos e de temas mais diversificados a fatores externos, além dos relacionamentos pessoais, mas por versarem também e ainda sobre política, direito e justiça. Óbvio, sexo também fazia parte, ainda que de maneira mais incipiente nessa primeira fase, principalmente porque sua principal personagem, a acompanhante de luxo Simone Steffani, sequer existia.

Naqueles tempos, era já a mulher operadora do Direito e casada, prisioneira de um relacionamento abusivo. Passou maus bocados, enfrentou brigas, inclusive físicas, e uma depressão (leia a crônica em que ela fala sobre o episódio, sob o título Sobre 13 Reasons Why, Eu e a Vida, no fim da matéria). Superou todas as dificuldades, o tempo passou, e ela se apaixonou novamente. Tornou-se noiva, agora de um psiquiatra, mas o relacionamento naufragou. Foi quando Claudia refez-se uma vez mais e se mudou para Mato Grosso. "Ainda a menina do interior, romântica, meio boca aberta, que aceitava o machismo", segundo ela mesma define.

Fez amizade com um colega de profissão numa das viagens para Passo Fundo, começaram a namorar. Ele também se mudou para Sorriso (cidade distante cerca de 400 quiômetros de Cuiabá). Dava aulas de direito constitucional, da infância e adolescência, sociedade da informação e várias outras disciplinas numa faculdade de lá.

Mas os reveses – ou arranjos do destino, se se quiser – sempre vêm. E estes chegaram em duas vias principais: a demissão dela do trabalho na faculdade e um novo princípio de depressão, advindo da frustração pela maneira como se deu a saída da profissão onde, afinal, se destacava.

"Fazia tudo direito e mesmo assim perdi o emprego sem nenhuma justificativa plausível, só por conta de ego, uma coisa muito comum na profissão jurídica. Tinha algum destaque, dava pra ver pelo número de matérias que eu lecionava, para alunos do primeiro ao 10º semestre", lembra.

Através destas crônicas, de cada opinião, vírgula, questionamentos e pontos o leitor tem acesso a um pouco de mim: de quem fui, do que sofri e das razões pelas quais me tornei a mulher empoderada e liberta que hoje sou

Já escolada diante das armadilhas e formas como a tristeza podem enredar uma pessoa, ela consegue lembrar-se de que tudo nesta vida é fase, e que tudo vai. Sabia que o tempo de ainda e de novo recomeçar havia chegado.

Leitora desde sempre de Simone de Beauvoir e ativista política, foi a essas paixões que ela uniu outro gosto antigo: sexo. Assim, deixou para trás 12 anos como advogada, a vida na cidade de Sorriso e chegou a Brasília, para dar à luz a cortesã Simone Steffani.

O primeiro nome é lembrança óbvia da esposa de Jean-Paul Sartre, Steffani foi escolhido por ser agradável aos ouvidos. Sempre combativa politicamente, ao discurso alinhado à esquerda, adicionou e intensificou seu trabalho como cronista e blogueira, agora também à luz dos relacionamentos de hora marcada, como cortesã.

Nesse tempo, declarou: "Sou cortesã, gosto de homens com classe na abordagem, não apenas com dinheiro no bolso. Sacanagem, putaria e indecência a gente pratica quando faz sexo, não falando asneira”. As experiências vividas, inclusive as ruins, várias, aliás, são retratadas no blog dela e deram origem ao livro agora lançado.

Surpreendentemente para alguns, Claudia de Marchi segue sendo uma mulher que acredita sim na possibilidade de se apaixonar, amar e até mesmo casar com alguém. "Mas dizer que isso é uma prioridade na minha vida, não é mesmo", explica, deixando claro entretanto que sabe bem que isso pode acontecer, "com  qualquer pessoa, inclusive comigo. Se houver e for recíproco, viverei isso sem problema algum".

Para surpreender ainda mais os de raciocínio curto, ela admite inclusive a possibilidade de esse tipo de amor tornar-se um relacionamento monogâmico. "Em uma situação de amor intenso a esse ponto e entrega recíproca a um casamento, jamais conciliaria uma vida de casada a uma de cortesã. Jamais", faz questão de frisar.

Deixando transparecer um romantismo e uma fímbria moral que muitos não exibem, ela conta e se lembra sempre do apoio da mãe e deixa bem claro que pessoas decentes não fazem qualquer coisa por dinheiro (veja o texto dela própria sobre moralidade social e sexual e sua devida distinção na crônica Da Confusão Entre Perversão no Sexo e Perversão Moral, ao fim desta matéria).

A rotina de lançamentos está sendo preparada e vai abarcar São Paulo e Brasília, inicialmente. No futuro, ela pretende lançar em outras capitais também.

Sem pressa, com calma e, como ela já aprendeu, na hora certa, aquela em que, enfim, todas as coisas, as piores e as melhores, haverão sempre e sempre de acontecer.

Divulgação

Claudia de Marchi

Escritora e advogada, Claudia de Marchi fez da arte de se reinventar sinônimo de sua  vida

Leia duas crônicas de Claudia de Marchi presentes no livro Contra a Maré (nas quais ela confessa inclusive uma tentativa de suicídio:

 

Sobre “13 Reasons Why” eu e a vida

Se teve algo útil que a “fama” que angariei há quase um ano trouxe para mim (pasmem!) foi a possibilidade de ser ouvida e de auxiliar inúmeras mulheres: desde a quebra de paradigmas, à necessidade de empoderamento e imposição de respeito perante machistas e misóginos fantasiados de “bons partidos”, até o conhecimento do feminismo e do quão importante a liberdade anímica é para a sua felicidade!

É de conhecimento de todos os meus amigos íntimos que não uso redes sociais para exibir o que não sou ou ostentar “felicidade” quando não estou feliz. Sou transparente aqui na vida real e na virtual que, para mim, nada mais é do que a “real” na expressão escrita. O que muito me agrada, posto meu amor pelas letras!

Eis que ontem terminei de assistir a “13 Reasons Why” e conclui que precisamos falar sobre suicídio. Sim, precisamos! E sobre momentos ruins, crises existenciais, frustrações e inúmeros espinhos oriundos do convívio em sociedade que, devagar, porém frequentemente, nos fazem sangrar a alma.

Algumas pessoas, como eu, de alma sensível e forte empatia, sempre esperam o mesmo do mundo: doçura, lealdade, empatia e compaixão.

Mas, seguidamente a gente não encontra, costumeiramente vemos traição de confiança, amargor, egocentrismo e egoísmo. Existem fases em que, por mais que tentamos fazer de tudo para que “tudo” dê certo, nada dá! Sim, são fases, mas nem sempre temos alguém para nos abraçar, impulsionar e dizer: “Isso vai passar!”.

E os nossos pais? Neste ponto só eles não valem tanto, apesar do dialogo ser sempre essencial. Como eu, Hannah era única filha e, como a maioria das “únicas”, carrega consigo a obrigação de “dar orgulho”, de “não ser um fardo”, “um incomodo”. Aliás, esta vontade de fazer com que nossa família se orgulhe da gente é derivada da vaidade, algo tolo do qual a maturidade nos afasta, afinal, quem nos ama (familiares) deve rejubilar-se pela nossa felicidade e não porque estamos andando na linha que eles “riscaram” para nós.

Enfim, conto-lhes uma história:

Em 2012 eu cheguei ao ápice do desgosto com a vida. Com o ser humano. Comigo. Com tudo. Procurei terapia e meu psiquiatra dizia (acertadamente) que eu estava passando por uma fase ruim (fase está que começou com o tortuoso, traumático e duro fim de um relacionamento abusivo ao final de 2010), mas que a medicação me ajudaria a passar por ela com mais “qualidade de vida”. Estava afastada da advocacia na minha cidade, pois morei fora quando casada.

Retornando para Passo Fundo-RS, fui trabalhar num escritório: ganhava uma ninharia, teve assédio, depois mudei de trabalho e tive uma colega que, de outras formas, me magoava.